sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A era da banalização


Hoje, sexta-feira, é dia do meu rodízio (placa final nove e zero) e, por isso deixo o meu carro na estação do Metrô Carrão!
Tive a sorte de encontrar o velhinho que entrega o Jornal do Metrô News, com o último nas mãos, pois, geralmente quando passo por ele, já entregou todos! E, li na página "espetáculos" um texto MARAVILHOSO, infelizmente verdadeiro, escrito pelo Mauricio Nunes, que é dramaturgo, músico, jornalista e cinéfilo, que gostaria de compartilhar com vocês...

A verdadeira razão da existência do artista é emocionar, entreter e nos propor idéias novas, porém nos dias de hoje esta figura está se apagando , já que vivemos na fatídica e nefasta era da banalização.  Estamos sendo regidos pela tal geração Y, onde a máquina domina e a emoção se abstém. Vivemos uma era onde se colecionam amigos virtuais e se desprezam amigos reais.
Einstein com sua teoria da relatividade talvez fizesse um calculo simples para
demonstrar que quanto mais amigos nas midias sociais, proporcionalmente há menos
na vida real. As pessoas não tem mais tempo de ouvirem ou de serem ouvidas. Não se
importam em conhecer alguém, mas sim em colecionar fotos e nomes numa página
para se tornarem populares. Tudo é manifestado ou regurgitado em 140 caracteres no
twitter ou no facebook, onde se colam frases, poemas e notas, que de forma alguma se
seguem, caso contrário o mundo seria um lugar perfeito para se viver.
Não há mais focos de emoção em quase nada em que a mídia atual cria. Tudo é arquitetado por um grupo de yuppies mimados, pedantes e que nunca leram sequer um livro na vida, a não ser o Internet para Dummies. Fazem de Steve Jobs, o novo messias, e assim como o seu antecessor, Jesus, ninguém dá muita trela para o que ele disse ou fez, mas sim para os produtos que promoveu e quanto isto pode arrecadar em grana. A nova geração é oca e o eco de sua estupidez assusta e não nos mostra um futuro promissor e no meio deste universo virtual com poder de sedução maior que o universo real, o tempo parece correr mais depressa e a vida a se tornar também um artigo banalizado. Se mata hoje a troco de nada. O álcool nunca tirou tantas vidas e ainda é glamurizado na TV e em canções cafonas de sucesso. Se você bebe, você é cool, se não bebe, é um idiota anti-social. E aí temos nas estradas mais mortes e ninguém toma providência alguma. Mata-se como nunca se matou por excesso de álcool e o assassino geralmente volta pra casa, as vezes até dirigindo.
Recentemente dois garis foram mortos por um imbecil rico e alcoolizado que pagou fiança de dez mil e saiu em liberdade. Conclui-se que a vida de um gari vale cinco mil reais no atacado, pois no varejo, tem jornalista que não pagaria dez centavos, afinal já humilhou publicamente a classe a chamando de escória. E o tal jornalista é âncora de um jornal que diz ter credibilidade, exibido numa emissora, que suspendeu um outro jornalista só porque fez uma piada de mal gosto, num programa de humor, sobre uma pessoa “importante”. De fato a balança no Brasil pende só para um lado: o das moedas de ouro. Assim nadamos neste tsunami de ignorância que inverteu os valores.
Vivemos a banalização do erotismo, onde uma revista como a Playboy, que sempre ditou regras comportamentais, valorizou a mulher e criou um estilo de vida culto, hoje proclama mulheres frutas, vazias e sem sulco, além de um exército de ex-BBBs sem graça (pleonasmo?) e entrevistas babais e textos sem conteúdo. A TV assume o papel da imbecilidade mãe com uma programação cada vez mais pobre, que assim como a música, se foca no nepotismo familiar, impulsionando carreiras vazias de DNAs famosos. O esporte é comandando por um cartola que decide até resultados. A sociedade se choca com dois homens se beijando, mas não se choca mais com dois homens se matando ou atirando contra inocentes. Não há postura, não há atitudes, não poesia e não há canção. O que se esperar quando até estudantes da USP desafiam a polícia para terem o direito de se drogarem no campus, como se tal espaço fizesse parte do território holandês. E para ficar pior ainda, com cartazes contendo erros de português. O fato é que devo estar ficando velho e rabugento, mas uma coisa é certa: o mundo esta indo pro inferno numa bandeja de prata. Todos viraram a barriga pra cima e se renderam. A televisão havia matado a janela, mas a nova tecnologia abortou de vez o novo da poesia.

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